Uma das pragas do milho mais conhecidas – e que necessita de atenção – dos produtores é a cigarrinha Dalbulus maidis. Popularmente conhecido como “cigarrinha-do-milho”, este inseto de cor branco-palha pode contaminar as plantas de milho com vírus e mollicutes (bactérias sem paredes celulares).
Na prática, a cigarrinha adquire os mollicutes ao se alimentar da seiva de plantas doentes. A bactéria, por sua vez, multiplica-se nos tecidos da cigarrinha e infecta suas glândulas salivares. Quando a cigarrinha se alimenta de plantas sadias, transmite os mollicutes e bloqueia o floema, provocando anomalias na circulação de seiva. Dessa forma, o inseto se torna vetor de três doenças sistêmicas para a cultura do milho: enfezamento pálido (espiroplasma), enfezamento vermelho (fitoplasma) e virose de raiado fino.
A cigarrinha tem grande poder de reprodução e pode migrar a grandes distâncias. Por essas características, quando contaminada, ela espalha as doenças dos enfezamentos por toda a lavoura. Além disso, a situação favorece a entrada de fungos oportunistas que produzem micotoxinas deletérias aos animais que se alimentam dessa silagem, podendo provocar lesões em órgãos, problemas reprodutivos, aborto e, até mesmo, a morte.
Partindo desta perspectiva, controlar a cigarrinha é de extrema importância para manter a produtividade na cultura do milho e a qualidade da silagem. Por isso, entenda algumas boas práticas para mitigar os efeitos dessa praga, abaixo.
É crucial iniciar os cuidados para controle da cigarrinha-do-milho ainda na etapa de pré-semeadura. Uma opção proveitosa para o produtor é apostar na rotação de cultivo. Neste cenário, o sorgo é uma ótima opção, já que não é atacado pela cigarrinha e nem multiplica o vetor, além de ser uma alternativa de silagem.
Outra medida a ser levada em conta é a de alinhar ou aproximar as datas de semeadura e de colheita entre os produtores de uma determinada região. Essa é uma forma de evitar migrações da cigarrinha entre as lavouras, gerando um certo "vazio sanitário". A ação interrompe a ponte verde de milho na região, reduzindo a disponibilidade de plantas hospedeiras, impedindo que o inseto tenha alimento e abrigo e, por consequência, ajudando a controlar sua população.
Além disso, é fundamental que o produtor faça um bom controle do milho voluntário na lavoura subsequente, evitando a multiplicação da cigarrinha para a cultura de milho subsequente ou vizinha. Também é essencial evitar semeaduras tardias nas épocas de plantio, sujeitas a estresse climático, já que é neste momento em que se nota maior poder de infestação e danos.
Cigarrinha-do-milho | Crédito: Banco de Imagens
Uma ação decisiva no controle da cigarrinha-do-milho é escolha assertiva do híbrido. A recomendação é de que o produtor faça um programa de controle, utilizando um tratamento de sementes industrial (TSI) eficaz contra sugadores, como forma de reduzir o ataque da cigarrinha na fase inicial, durante os primeiros 12 a 15 dias (até V2).
Uma das ferramentas importantes ao produtor é a escolha de um híbrido com grau de tolerância maior contra o complexo de enfezamentos.
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Após a semeadura, é vital que seja feito o monitoramento da cultura, de V2 até o V8/V10. Nesta fase, pode ser necessário fazer pulverizações, seguindo o planejamento dos tratos culturais (herbicidas, fertilizantes foliares e fungicidas). Não existe um nível de dano econômico estabelecido para esta praga. A recomendação é que se pulverize de acordo com a identificação da presença da cigarrinha.
Além disso, o produtor deve fazer o acompanhamento do nível de infestação nas bordas e no centro da lavoura. Importante o uso de armadilhas adesivas amarelas – que indicam a presença de infestação, para tomada de decisões de controle com pulverização. A infestação tende a ser mais intensa nas bordas e às vezes não é necessária a aplicação em toda a área, por isso a importância da avaliação da situação. Nesses casos, é indicado manejo em bordadura.
Como a cigarrinha-do-milho atua como vetor de doenças que debilitam as plantas de milho, tornando-as mais suscetíveis a infecções fúngicas, é essencial que seja adotado um manejo integrado de pragas e doenças. Neste sentido, há cuidados a serem tomados também no momento da ensilagem, para melhor aproveitamento da produção.
Um alerta é para que seja feito o corte das plantas acima de 25 centímetros de altura da terra na ensilagem, pois fungos como Fusarium/Pythium estão presentes próximos ao solo. No caso de plantas 100% tombadas, que tendem a ter maior contato com o solo úmido, há a possibilidade de utilizar os equipamentos para fazer silagem pré-secada, reduzindo a umidade e presença de terra, aprimorando a qualidade da forragem e reduzindo o risco de contaminação por patógenos.
É essencial também sempre utilizar inoculantes à base de Lactobacillus buchneri e/ou Propionebacterium, que produzem ácido acético e propiônico, respectivamente. Esses produtos têm ação fungistática, reduzem a incidência de fungos e, consequentemente, de micotoxinas.
Depois de ensilada e fermentada, é importante realizar a amostragem aleatória da silagem no silo, e a análise bromatológica e dos níveis de micotoxinas. Indica-se a realização de análises dos seguintes grupos de micotoxinas:
a. Aflatoxina B1
b. Patulina
c. Deoxinivalenol – DON
d. Fumonisina B1+B2
e. Ocratoxina
f. Zearalenona
g. T2
Com os resultados em mãos, compare os níveis de micotoxinas aos níveis de tolerância máxima (tabelas abaixo) para verificar se a silagem é apta para o consumo. Caso não esteja, recomenda-se a utilização de adsorventes de micotoxinas para amenizar os efeitos de forma segura para os animais. Empresas de nutrição e fábricas de ração, além de possuírem seus próprios limites em suas linhas de produção, também trabalham com esses adsorventes junto aos seus produtos.
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Autores: Dimas Antonio Del Bosco Cardoso e Ronaldo Gonzaga.