24/04/2020

Maiores produtividades de milho para maior produção de leite

foto divulgação 
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Vacas leiteiras se alimentando com silagem

Introdução

A atividade leiteira está vivendo um forte processo de profissionalização. Um dos fatores principais na gestão de qualidade do negócio passa pela produção de forragens de elevada qualidade associada à otimização no uso dos recursos. 

O milho já há muito tempo tem uma grande importância na evolução da pecuária leiteira, e com a intensificação do negócio existe a necessidade de se maximizar a produção de milho para atender as necessidades do rebanho. Mais de 70% das propriedades utilizam o milho em grãos ou na forma de silagem para a alimentação dos animais. 

Imagem 01. Animais de excelente genética se alimentando em área externa da leiteria. 

O uso da silagem de milho com produtividade e qualidade é fundamental na saúde do negócio do leite, uma vez que a alimentação dos animais corresponde a pelo menos 50% do custo de produção de um litro de leite. 

A intensificação dos sistemas de produção, com melhor exploração do potencial genético do rebanho, com o ajuste muito estreito entre o tamanho da área disponível para a produção de alimentos e o número de animais, fortalece a necessidade de otimização da produção de milho para a alimentação dentro das propriedades. 

A área plantada de milho para produção de silagem no país representa em torno de 10% da produção total de milho, tendo maior importância na safra de milho verão que representa mais de 25% da área plantada, considerando que a área de milho verão reduziu significativamente nos últimos anos (gráfico 1)

Gráfico 01. Evolução da área cultivada com milho verão, safrinha e total (20 anos). 

Nas diferentes fases da produção do milho estamos presentes para que o sucesso do produtor comece pelo plantio, se fortaleça em um bom desenvolvimento da lavoura e continue até o momento correto de colheita e ensilagem adequada, para que no final a nutrição do seu rebanho seja de extrema qualidade, fortalecendo ainda mais o seu negócio. 

Neste artigo vamos concentrar na fase de plantio onde o planejamento da lavoura de milho para ensilagem começa com a escolha do(s) híbrido(s). 

Antes de tudo, o milho escolhido deve ter boa estabilidade agronômica, com maior tolerância a pragas e doenças, de modo que possa expressar as características produtivas desejadas. 

Independente da finalidade da lavoura de milho, silagem ou grão, o produtor deve seguir as recomendações agronômicas (posicionamento), que levam em conta as peculiaridades da sua região (altitude, solo, clima, etc.), o período de cultivo (verão ou safrinha), e o nível de investimento que será feito na área cultivada (Adubação Nitrogenada e Uso de Fungicidas). 

Para produção de silagem de planta inteira, a escolha de híbridos de milho deve ser objetivada em se obter elevada produtividade de forragem (matéria seca) com grande participação de grãos no seu conteúdo. A planta de milho deve ter boa qualidade com boa digestibilidade da sua fibra, e a forragem produzida deve ter elevada concentração energética. 

Novos adventos da biotecnologia, como milho Bt e o uso de técnicas de marcadores moleculares para identificar genes que conferem tolerância a determinadas pragas e doenças no milho, resultaram em maior estabilidade, maiores produtividades, tolerância a determinados herbicidas e até mesmo plantas mais aptas a enfrentar a seca e o frio. 

A produtividade atingida por uma lavoura é o resultado da interação entre o potencial genético, o ambiente e o manejo adotado. A época adequada de plantio do milho interfere significativamente na produtividade, portanto, devemos nos atentar ao zoneamento e ao posicionamento de cada híbrido de milho que será cultivado. 

O atraso ou a antecipação no período de semeadura, por razões diversas, e que não tenha nenhum efeito sobre os custos de produção, pode resultar em perdas significativas de produtividade da lavoura e na qualidade da silagem, dependendo da capacidade que o híbrido utilizado tem de se adaptar à condição a que foi exposto. 

Estratégias como a adoção do Sistema de Combinação de Híbridos devem ser adotadas de forma a combinar características como potencial produtivo, precocidade e defensividade de forma complementar. 

Resultados dos trabalhos

A população de plantas a ser implantada deve respeitar o indicado para cada híbrido. Diversos trabalhos são conduzidos para que a indicação da população possa ser trabalhada. Podemos ver nos gráficos 2, 3 e 4 as produtividades alcançadas em experimentos conduzidos durante a safra 2018-19 em Castro – PR. 

Híbrido P2501

Gráfico 02. Produtividade de grãos e massa seca de acordo com a população de plantas para o híbrido P2501 em Castro – PR. 

Neste experimento o híbrido P2501 respondeu quase linearmente ao incremento de plantas para a produtividade de grãos, atingindo a produtividade de 19.090 kg ha-¹ a 80.000 plantas por hectare (população sugerida para este híbrido neste nível de investimento). A produtividade de matéria seca a 80.000 plantas foi de 26.931 kg ha-¹.

Híbrido P3016VYHR

Gráfico 03. Produtividade de grãos e massa seca de acordo com a população de plantas para o híbrido P3016VYHR em Castro – PR. 

Neste experimento o híbrido P3016VYHR respondeu “quadraticamente” ao incremento de plantas para a produtividade de grãos, atingindo a produtividade de 19.164 kg ha-¹.  a 85.000 plantas por hectare (população sugerida para este híbrido neste nível de investimento). A produtividade de matéria seca a 85.000 plantas foi de 27.818 kg ha-¹.

Híbrido P2719VYH

Gráfico 04. Produtividade de grãos e massa seca de acordo com a população de plantas para o híbrido P2719VYH em Castro – PR 

Neste experimento o híbrido P2719VYH respondeu “quadraticamente” ao incremento de plantas para a produtividade de grãos, atingindo a produtividade de 20.929 kg ha-¹. a 85.000 plantas por hectare (população sugerida para este híbrido neste nível de investimento). A produtividade de matéria seca a 85.000 plantas foi de 30.971 kg ha-¹. 

Conclusões finais

Nos gráficos apresentados acima é possível observar que cada híbrido se comporta de forma particular ao número de plantas que são cultivadas por hectare, além disso, é possível afirmar, por outros experimentos, que cada híbrido responde de forma diferenciada ao aumento ou a redução na população, de acordo com outros fatores envolvidos como o regime pluviométrico, a luminosidade incidente, a adubação nitrogenada, fertilidade do solo, etc. 

Através dos dados apresentados é possível também associar à nova genética de híbridos Pioneer® a um novo patamar de produtividades. Produtividades que podem trazer ao produtor grande rentabilidade e garantir a produção de alimento em quantidade e qualidade suprindo as necessidades do seu rebanho e contribuindo assim com a pecuária leiteira nacional. 

Imagem 02. Colheita de silagem de milho P2501 com automotriz no município de Castro – PR. 

Sobre o autor

Pergentino De Bortoli 

Formado em Engenheira Agronômica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e atualmente Engenheiro Agrônomo da Corteva Agriscience™ para o PR e SC Alto.