02/06/2015

Silagem de Milho com Menor Custo se faz com Produtividade

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Trator subindo num monte de silagem de milho

Introdução

Após nove meses em queda, preço pago ao produtor inicia recuperação. A menor oferta de leite no campo, justificada pelo início da entressafra na região Sul do País, resultou em ligeira alta nas cotações do leite pago ao produtor, de acordo com levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Pelo levantamento, o preço do leite recebido pelo produtor aumentou pelo segundo mês consecutivo, alavancado pela queda na captação, devido ao início da entressafra, e a competição entre as indústrias que impulsionaram os valores da matéria-prima.

No mercado de carne bovina, o confinamento de gado de corte no Brasil deve crescer cerca de 9%, com o abate de 5 milhões de cabeças de bovinos terminadas em sistema de confinamento este ano. Alta de 400 mil cabeças ante 2014, segundo a Agroconsult. O País deverá ter 26 plantas frigoríficas habilitadas a exportar para a China até junho deste ano, o que pode representar cerca de US$ 520 milhões em vendas para o país oriental.

Contudo, o ano será de grandes desafios para a pecuária brasileira. A intensificação dos sistemas de produção, em virtude da valorização de terras, alavancada pelo crescimento da cultura da soja, demandará cada vez mais alimentos concentrados para nossos rebanhos, principalmente milho e farelo de soja. Dados do CEPEA indicam que o custo da ração com milho + soja já está cerca de 7% mais cara em 2015 do que em 2014, variação puxada, principalmente, pelo milho (com os preços médios projetados para 2015, de acordo com os contratos futuros da BMF Bovespa, cerca de 10% acima da média em 2014). Assim, o poder de compra do pecuarista, em relação ao milho e a soja, está mais desfavorável do que foi em 2014.

Por ser um volumoso de alto valor energético e baixo custo relativo por quilo de matéria seca digestível, a silagem de milho pode ser empregada em quase todas as propriedades leiteiras e de engorda na nossa pecuária. A produção eficiente de silagem de milho começa pela lavoura bem conduzida. Depois vêm o corte, o transporte, a descarga, a compactação e a vedação do silo. Todas as etapas têm de ser efetuadas corretamente, para permitir a fermentação do milho picado e o armazenamento da silagem por longo período.

Produtividade da lavoura faz diferença

No planejamento da lavoura de milho destinada a silagem é muito comum o pecuarista fazer opção por alternativas que, na sua opinião, poderão reduzir os custos de produção. São práticas comuns a escolha de híbridos de menor custo de semente, redução na quantidade de fertilizantes e, em certas ocasiões, destinar para silagem as áreas que por algum motivo tiveram sua produtividade de grãos comprometida (“as piores áreas da lavoura”). Contudo, a lavoura de milho destinada à ensilagem deve ter alta produtividade, visando diluição dos custos de implantação, principalmente insumos; maior eficiência na colheita; e alta concentração energética (proveniente de grãos), reduzindo a demanda por alimentos concentrados.

Campo de terra

Descrição gerada automaticamente com confiança média

Na tabela abaixo temos custos médios de produção de duas lavouras de milho para silagem com produtividades de 35 e 50 t/ha de massa verde (MV) para silagem. 

Tabela

Descrição gerada automaticamente

Considerações

  • A menor despesa com fertilizantes não é uma questão de redução de custos, mas sim da menor extração de nutrientes decorrente da menor produtividade;

  • Na escolha da semente comparou-se um produto de custo bem inferior, mas certamente de menor capacidade produtiva;

    • Quanto representa no custo total o custo da semente?

    • Na lavoura de produtividade de 35 t/ha =  12%
      Na lavoura de produtividade de 50 t/ha =  14%

  • A redução no custo da compra de semente de cerca de R$ 100,00  resultou em somente 2 pontos percentuais no custo total da silagem;

  • Quanto mais produtiva for a lavoura menor será o custo de produção por tonelada.

    • A silagem da lavoura de 50 t/ha, na qual se investiu mais em insumos, custa quase 23% menos por tonelada que a do outro plantio, em que se gastou menos e se obteve menor produtividade.

  • Além do menor custo, a lavoura de maior produtividade de MV/ha também produzirá mais grãos, que são a principal fonte de energia na silagem de milho, resultando na menor demanda por ração concentrada.  (leia mais sobre o assunto em Maiores Produtividades de Milho para Maior Produção de Leite).

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Sobre o autor

João Ricardo Alves Pereira

Zootecnista pela UNESP (1991), mestre em Nutrição Animal e Pastagens pela ESALQ/USP (1995) e doutor em Zootecnia pela UNESP/Jaboticabal (1999). Atualmente é professor adjunto da UEPG-PR, no curso de Zootecnia, campus de Castro-PR. Além disso, João Ricardo é proprietário da Vitalle Nutrição Animal, empresa de consultoria direcionada à produção e conservação de forragens.​