11/11/2024

Aplicação de fungicidas no manejo de doenças na soja

Foto: divulgação 
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Aplicação de fungicidas

O Brasil é um dos destaques globais quando o assunto é soja, tendo se transformado no maior produtor dessa cultura do mundo. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de soja brasileira, na temporada 2024/2025, pode alcançar 166,28 milhões de toneladas, um aumento de 12,82% em relação ao ciclo anterior. A Conab estima que a área plantada com soja no Brasil possa crescer 3%, alcançando impressionantes 47,4 milhões de hectares.

Essas conquistas se dão graças a fatores como pesquisa e melhoramento, a todo momento sendo entregues ao mercado. Além disso, destacam-se as genéticas (cultivares mais adaptadas) e as tecnologias, usadas para alcançar altas performances. Esses avanços colocam o Brasil em uma posição de destaque e favorecem o crescimento da cultura em terras brasileiras (imagem 1). 

Neste cenário, se mostra ainda mais evidente a importância de altas produtividades para a sobrevivência na atividade. Isso porque a grande competitividade torna o sistema de produção um exercício de alto risco, que muitas vezes não perdoa uma decisão errada. Somam-se a esta realidade, ainda, os diversos fatores que influenciam o cultivo direta e indiretamente, como custo de produção, oferta do produto, câmbio, clima, pragas e doenças, por exemplo. 


Imagem 1 - Gráfico elaborado por Raphael Galo | Fonte: Conab

Atenção com o manejo

Apesar de importante para o mercado brasileiro, o crescimento da cultura não traz somente benefícios, já que, junto à expansão da atividade, diversos fatores negativos são percebidos. Cita-se, por exemplo, a pressão de pragas e de doenças, que influenciam diretamente nos resultados obtidos em cada lavoura.

Para que esse aspecto não se torne um pesadelo, a adoção e associação de técnicas de manejo (solo, pragas, doenças, entre outros), são ferramentas primordiais para o sucesso de uma lavoura, ou seja, é por meio delas que conseguimos equilibrar a relação custo/benefício. 

Avaliar o complexo de patógenos que pressionam a cultura da soja, ter conhecimento aprofundado da região (histórico de doenças) e realizar o planejamento da safra (data de plantio, tipo de crescimento da cultivar, resistência genética, tipo de solo) são estratégias fundamentais para complementar o manejo fitossanitário. Além disso, também se torna importante fazer a avaliação do Triângulo da Doença (imagem 2), que pode contribuir fornecendo referências sobre possíveis instalações de patógenos.


Imagem 2 - Triângulo da doença | Fonte: Bergamim Filho e Amorim (2018, p. 217), adaptado.

Principais doenças da soja

Entenda o cenário atual das principais doenças da soja e os desafios no manejo de cada uma, a seguir.

Antracnose (Colletotrichum truncatum)

A antracnose é a principal doença que afeta a fase inicial de formação das vagens e é um dos principais problemas dos cerrados. 

Sintomas

  • Manchas foliares cinzas a marrom escuras, com margens escuras. As lesões podem coalescer, causando áreas necróticas extensas.

  • Lesões circulares nas vagens, lesões escuras a marrom-avermelhadas nas hastes, pecíolos e vagens.

  • Pode provocar antecipação na senescência das folhas.

  • O tecido senescente fica coberto pelas estruturas reprodutivas do fungo (acérvulos).

Neste cenário, a Corteva Agriscience recomenda Vessarya, que tem registro em bula. O produto deve ser aplicado no período vegetativo entre 25 e 30 dias após o plantio, atuando de modo preventivo e protegendo a soja. 

Podridão dos grãos/Quebramento das hastes

Sintomas 

  • A partir de R5 até R8.

  • Externos: encharcamento/escurecimento (imagem 3). 

  • Internos: grãos apodrecidos.

  • Ocorrência aleatória na planta e na vagem. 


Imagem 3 – Manifestação de podridão dos grãos | Fonte: Banco de Imagens/Pioneer. 

Fatores envolvidos

  • Clima – alta umidade e temperatura, época de semeadura.

  • Nutrição – desequilíbrio nutricional.

  • Genética – diferentes cultivares, permeabilidade das vagens. 

Para controle, fungicidas como Vessarya, que tem registro em bula, devem ser aplicados no período vegetativo entre 25 e 30 dias após o plantio, atuando de modo preventivo e protegendo a soja.

Mancha-alvo (Corynespora cassiicola)

A mancha-alvo é uma doença fúngica que afeta diversas culturas, principalmente a soja e o algodão.

  • Sintomas - A mancha-alvo se manifesta com lesões circulares nas folhas (imagem 4), com um ponto necrótico amarelado no centro e um halo amarelo ao redor.

  • Impactos - A mancha-alvo reduz a produtividade e a qualidade dos grãos, além de causar maturação prematura.

  • Condições favoráveis - A mancha-alvo se desenvolve melhor em condições de alta umidade relativa e temperaturas amenas (18-21 °C), ficando mais evidente com o fechamento de rua (expressão que indica o momento em que a soja cresce ao ponto de não ser possível enxergar o solo, fazendo com que o sol não toque mais o solo e a parte baixa da planta, aumentando a umidade e prejudicando a aplicação dos fungicidas). 

Controle

Para controlar a mancha-alvo, é possível: 

  • utilizar sementes limpas e tratadas com fungicidas (como RANCONA® T); 

  • rotar culturas, principalmente com milho ou outras gramíneas;

  • aplicar fungicidas de alta performance (como VESSARYA®).


Imagem 4 – Mancha-alvo (Corynespora cassiicola) | Foto: Banco de imagens/Pioneer. 

Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum)

Esta é uma doença antiga que pressiona a cultura da soja, tendo grande importância nas décadas de 1970 e 1980. Depois disso, ela permaneceu sem grandes efeitos por algum tempo, ressurgindo com ênfase na safra 2006/2007, se tornando um problema maior em regiões altas.  

Para o mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), o manejo pode ser executado com a escolha de cultivares de arquitetura ereta (auxiliando em uma maior aeração do dossel e, consequentemente, na redução do microclima favorável para a doença), juntamente com sementes certificadas, Tratamento de Sementes (TS) com fungicidas e rotação com culturas não hospedeiras.

Podridão de carvão (Macrophomina phaseolina)

No caso da podridão de carvão, o fungo infecta plântulas durante a emergência ou fase adulta por meio das raízes. Os sintomas raramente aparecem antes do florescimento. Desta maneira, devido às adversidades climáticas, juntamente com a ausência de manejo do solo (estresse hídrico + altas temperaturas + solos compactados), proporciona altas incidências de podridão de carvão da raiz (Macrophomina phaseofina), doença cuja intensidade varia de acordo com as condições do ano. 

Por ser uma doença oportunista, aproveita as condições favoráveis (interação entre ambiente, patógeno e hospedeiro) para se instalar, causando a morte precoce de plantas e consequente redução no enchimento de grãos, resultando em perdas de produtividade.

Para a prevenção deste patógeno oportunista, recomenda-se melhorar as condições físicas e químicas das áreas de cultivo. Ou seja, deve-se ter uma boa condição de fertilidade em camadas profundas e o aumento do percentual de matéria orgânica. Este último pode ser alcançado com sistemas de consorciação de milho e braquiárias. 

Ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi)

A ferrugem-asiática da soja é uma doença causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que surgiu pela primeira vez no Brasil em 2001. Ela é considerada uma grave ameaça à cultura de soja, podendo causar perdas de até 90% na produtividade de grãos se não for feito o manejo correto.  

Com a presença de alta umidade e temperaturas moderadas, o fungo se espalha rapidamente pelo vento ou pela água. Ele precisa em torno de 12 horas de período úmido para iniciar sua multiplicação. 

Os primeiros sintomas são manchas pequenas e encharcadas que se tornam cinzas, castanhas ou marrons. A doença compromete a capacidade de fotossíntese das plantas devido às manchas, que tomam conta da folha toda, resultando em desfolha precoce e redução da produtividade.  

Para controlar a ferrugem-asiática, é possível usar fungicidas multissítios protetores, rotacionar produtos que contenham diferentes mecanismos de ação, realizar o vazio sanitário, utilizar cultivares ideais para a região da plantação e realizar a rotação de culturas. 

Fungicidas protetores “multissítios” estão sendo utilizados nas lavouras e entregando resultados surpreendentes em misturas com Triazóis + Estrobilurinas - e até mesmo em combinações com Carboxamidas. 

Estas ações contribuem para o manejo de resistência, devido aos fungicidas protetores terem amplo espectro de ação, agindo em diversos pontos do metabolismo do fungo simultaneamente (inibindo drasticamente a chance de sobrevivência dos esporos). Atuam de forma diferente dos Triazóis + Estrobilurinas e Carboxamidas, que são considerados sítio-específicos.

A ferrugem-asiática da soja foi um problema na safra 2023/2024, com 324 casos relatados no país. Os estados com mais casos foram o Paraná, com 128; o Rio Grande do Sul, com 110; e Mato Grosso do Sul, com 35 (MAPA 2024). 

A doença foi favorecida por diversos fatores, como inverno menos rigoroso no Sul do Brasil, o que permitiu a emergência da soja voluntária; o fenômeno El Niño, que causou chuvas intercaladas com veranicos nas principais áreas produtoras; e temperaturas altas e chuvas durante a safra de verão.

Evolução da produção no Brasil

O sistema produtivo do Brasil evoluiu muito nos últimos anos, resultando em mais ferramentas para auxiliar no controle de doenças. Além disso, temos mais bases genéticas que trazem melhor diversidade de tolerância às doenças. Os materiais modernos tendem a ter um florescimento mais rápido que os antigos, e isso faz com que sejam antecipadas as aplicações de fungicidas – antes em torno de 35 dias após a emergência (DAE), hoje de 25 DAE -, trazendo maior segurança e eficiência no manejo. Ainda, o vazio sanitário é uma grande ferramenta para a sustentabilidade produtiva do Brasil. A Corteva Agriscience está sempre à disposição do agricultor para auxiliar no seu dia a dia, com produtos e serviços diferenciados, buscando o sucesso da produção. 

Referências

BRASIL. EMBRAPA. Ferrugem da soja: manejo e prevenção. Disponível em: <https://www.embrapa.br/en/soja/ferrugem>. Acesso em: 18 nov. 2019.

BRASIL. EMBRAPA. Soja em números (safra 2018/19). 2019. Disponível em: <https://www.embrapa.br/en/soja/cultivos/soja1/dados-economicos>. Acesso em: 18 nov. 2019.

CONSÓRCIO ANTIFERRUGEM (Brasil). MOÇÃO. 2017. Disponível em: <http://acacia.cnpso.embrapa.br:8080/cferrugem_files//1570767082/MocaoCAF%202017.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2019.

FUNDAÇÃO MT (BRASIL). Boletim de Pesquisa. 18. ed. Rondonópolis - MT: Entrelinhas, 2017. 336 p. v. 18.

OLIVEIRA, Andréia Mara Rotta de (org.). Programa Monitora Ferrugem RS: detecção de Phakopsora pachyrhizi na soja - Safra 2023/2024. Porto Alegre: SEAPI/DDPA, 2024. 52 p. (Circular: divulgação técnica, 23).

REUTERS. BRASIL VÊ AUMENTO NA SAFRA DE SOJA 2019/2020. 2019. Disponível em: <http://apoiologistica.com.br/brasil-ve-aumento-na-safra-de-soja-2019-2020/>. Acesso em: 18 nov. 2019. 

RIBEIRO, Ingrid. Mofo-branco: alta incidência afeta produtividade agrícola. Revista Cultivar. Disponível em: <https://revistacultivar.com.br/noticias/mofo-branco-alta-incidencia-afeta-produtividade-agricola>. Acesso em: 23 out. 2024. 

Autores: Sandro Rossano Quinebre, Field Marketing Manager; e Adricson Provenssi, agrônomo de campo Pioneer®.

RANCONA®T é uma marca registrada de UPL e distribuído pela Corteva Agriscience.